Encontrei um amigo na fila da cantina da faculdade e, em pouco mais de três minutos, chegamos à conclusão de que não é difícil ser feliz e que, na verdade, a felicidade é simples e barata. Estávamos, é claro, nos referindo à parte gastronômica e alimentar que compõe a felicidade (ou alguém duvida que comida e felicidade têm uma relação intensa uma com a outra?), uma vez que estávamos a caminho de um lanchinho no meio da manhã.
Olhei as duas estufas de salgadinhos e as prateleiras todas que sustentam as opções de comida nas duas cantinas e não encontrei nada que me fizesse feliz de fato. Esse amigo, outrora comilão como eu, hoje é um amante de chá e dá um baile no quesito silhueta. Não deixou, contudo, de ser um apreciador da boa refeição e - por isso mesmo - sofre como eu na hora de escolher o que comer nas lanchonetes da vida. Há, como vocês sabem, uma brutal diferença entre fazer o estômago feliz e se empanzinar. Para vocês terem ideia, a primeira atividade, mesmo que seja resolvida com comida calórica, não engorda. Juro. Já a segunda, mesmo que a comida seja pretensamente "light" (como croissant de brocoli, ou mini-torta de peito de peru), engorda só de se sentir o cheiro. Porque estômago feliz não é estômago entupido. Ouso dizer que é bem o contrário disso.
E o fato é que nessas cantinas e de lanchonetes, o que a gente vê mesmo é comida que empapuça, mas não alimenta nem faz feliz. Sejamos honestos. Por isso falei ao meu amigo - enquanto me decidia entre um enrolado de calabresa e um pão de batata recheado com frango com catupiry (Gzuis!!!) - que eu não ia achar nada ruim, nada mesmo, se por ali vendessem uma embalagem plástica com palitos de cenoura, aipo e pepino japonês e um molhinho feito de limão, azeite, sal e pimenta do reino. Vejam que simplicidade, mas reparem a alegria que mora nesse conjunto. Pessoas em volta da mesa, no intervalo das aulas, petiscando "finger-foods" alegres! Outra boa possibilidade seriam torradihas de pão francês com alho e tomate esfregados e um pouquinho de forno para aquecer. Quatro torradinhas no prato já me fariam a mais feliz das pessoas (e se a moça da cantina colocasse uma folhinha de manjericão fresco sobre cada uma das torradas, aí seria a glória!). Reparem que são soluções rápidas, baratas (pouco calóricas, vá lá) e cheias de sabor... Duvido que seja difícil produzir e aposto que muita gente ia querer.
Quando terminei minha digressão, meu amigo teve de concordar. A felicidade é fácil de ser alcançada, ainda que seja só no setor gastronômico. "Mas precisamos começar por algum lugar", arrematou ele, com a sabedoria de sempre.
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