Ontem, quando o ônibus entrava no Buraco da Paulista, o cobrador recebeu uma mensagem no celular e leu alto para todo mundo ouvir: "A passeata está entrando na Paulista". Chiadeira geral, claro. São Paulo é a única megalópole em que as pessoas acham que não pode haver manifestação de rua, porque se não ferra o trânsito. Culpa das rádios (mas isso é outra história, para outro post). Eu, que frequento passeatas desde os 7 anos - cantando a plenos pulmões "Diretas Já, queremos estudar, Dona Esther não quer deixar!", ainda que não sobesse ao certo quem era essa tal de Dona Esther -, ao contrário dos colegas de coletivo, adoro passeata na Paulista. Dane-se o trânsito. Vai de metrô se está atrasado.
Assim que o cobrador deu o aviso, corri para o Twitter no celular para ver se alguém dizia quem eram os manifestantes. Nada. Nem uma só linha. Mensagem para o marido. Também não tinha informação. E nesse exato momento comecei a ouvir uma corneta. Uma corneta que pontuava uma música. Que eu não conhecia, mas que era visivelmente sofisticada. E - pimba - o ônibus encontra a passeata. Tinha umas 500 pessoas, que iam cantando lindamente e empunhando tampas de privada. A corneta marcava, os manifestantes respondiam cantando e levantando e abaixando as tampas brancas de latrina. As faixas diziam assim: profissionais da cultura, chegou a hora de perder a paciência.
Twittei, claro. Era uma visão naquela Paulista de gente que não gosta de manifestação. Finalmente uma senhora no banco ao lado do meu soltou: "Eles têm razão, a cultura desse país está assim mesmo", se referindo à alusão que os artistas faziam à situação cultural do país, quando passavam os assentos de latrina pela cabeça. Adorei.
Só quando cheguei à faculdade liguei a passeata ao movimento dos artistas contra a restrição de verbas públicas para a Cultura. Tem mais aqui http://goo.gl/8GLnm, inclusive o vídeo que os manifestantes fizeram. Bem legal por sinal. E aí descobri o site do movimento também: www.culturaja.com. Só não achei, ainda, as músicas que os artistas compuseram e estavam lá cantando. Se eu achar, posto aqui. De resto, quero agradecer desde já aos divertidos manifestantes que alegraram a Paulistas e lembraram que a rua é do povo, assim como a cultura e a cidade. Tudo com bom humor e irreverência.
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