terça-feira, 9 de agosto de 2011

AQUILO QUE ATRAI E REPULSA

Igreja no Largo do Paissandu

Como se chama aquilo que atrai e repulsa, que fascina, mas mete medo? Quando eu era bem criança, tinha uma professora que me provocava essa sensação. E hoje, passeando pelo centrão centrão de São Paulo, dei por mim entendendo que a Praça da República e o Largo do Paissandu, por exemplo, ao mesmo tempo que me convidam a olhar, a desvendar, me lembram a todo momento que eu não pertenço àquilo ali. Nem andando nas calçadas, entre as gentes, seria capaz de me misturar à multidão, anonimamente e de forma que um outro alguém, passando ali e olhando pela janela do ônibus, pudesse me ver sem me ver de fato.

Não sei até que ponto não pertencer é uma decisão minha (também não me sinto misturada à Oscar Freire, mas nesse caso, por convicção mesmo), ou até que ponto o pertencer nasce com a gente e se manifesta, sem que haja muito controle. Há pouco escrevi para uma amiga no Facebook que eu e ela somos turistas aqui em São Paulo, ambas cariocas. Então vemos isso aqui com olhos estrangeiros e um tanto agradecidos. Tem uma beleza aqui que os de dentro nem sempre veem... Mas o olho do turista também sente que por mais que se encante, há algo que não se alcança. E, por vezes, dói.

2 comentários:

  1. Elisa,
    Carioca? Putz. E eu achando q vc era baiana...risos.
    Ser "estrangeira" ou "turista" em outra cidade é uma coisa interessante. A gente reconhece as diferenças boas e más de um canto e de outro, os avanços de uma e da outra, a qualidade de vida diferente, e por vezes até reconhece que o local "estrangeiro" é melhor do que o outro. Mas há algo a mais, um sentimento que se mistura com as lembranças, com a história da gente, que não nos faz pertencer ao local "estrangeiro". E isso dói muito.
    Eu, por exemplo, vivia no Largo do Paissandu. saia da Casa Verde rumo ao Centro, e meu ponto de ônibus parava lá, quando ia trabalhar. Pra voltar, também saía de lá. O local é lindo, embora esteja detonado e sujo. A Igreja se chama, se não me falha a memória, Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Valia uma bela recuperação.
    beijos.

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  2. Olá! É interessante como as cidades são tão diferentes e tão parecidas entre si, não lhe parece? Lendo-a, lembrei de "As cidades invisíveis" do Calvino. Partilho da sua percepção sobre o turista (ou o estrangeiro?): algumas coisas vê melhor, outras permanecem sempre inatingíveis. E isso, às vezes dói. Mas, às vezes conforta, estranhamente. Abs.

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